domingo, 19 de outubro de 2008

Os tambores do Salgueiro




O Salgueiro retoma às suas origens e vai buscar no tambor o tema do seu carnaval. Sim, isso mesmo. Simplesmente “Tambor”. Esse é o titulo do enredo. Curto e grosso.

A escola fez história a partir da década de 50 com enredos de temática africana, enredos estes que somam 5 vitórias das 8 que a agremiação possui; isso sem falar nos enredos afro que não foram campeões. Já falou de Zumbi, Chica da Silva, Chico-Rei, Candaces, criação do mundo segundo os Yorubás... enfim, já visitou e revisitou a África em muitos carnavais. Em 2009, vai contar na avenida a história do tambor. Eu pergunto: há tanto a se falar deste instrumento a ponto de transformá-lo em enredo de carnaval? Há como pegar esse tema e transformá-lo em 32 alas e 8 carros alegóricos? Renato Lage aposta que sim.

A verdade é que quando se mexe com temas afro-brasileiros, o salgueirense fica feliz e motivado. Essa é a aposta de escola. Resgate ao passado. Contagiar a comunidade. Falar de tambor.

Vai falar do instrumento usado para comunicação na pré-história, nas religiões, no tambor da inclusão (Funk in Lata já confirmou presença na bateria), vai falar da Timbalada, do Olodum e vai fechar o desfile homenageando o tambor da bateria Furiosa da Tijuca, comandada por anos e anos pelo grande Mestre Louro, que já foi sambar no céu, mas que continua no coração de todos os membros da Academia do Samba. Ainda vai sugerir que dentro de cada ser humano, bate um tambor, que dita o ritmo da nossa vida, que é o coração.

O enredo é interessante, mas pode parecer “mais do mesmo” e o jurado “descer” a caneta no dia do desfile. Parece que quiseram fazer uma homenagem ao Mestre Louro, mas como não havia como transformar essa homenagem em um desfile, “incharam” o enredo com outros sub-temas, criando um fio condutor, que neste caso é o tambor.

Mas de qualquer forma, meu coração já tá batucando de tanta ansiedade para ver, mais uma vez, o carnavalesco que outrora fora conhecido como “hi-tech”, apresentar um enredo rústico, com muita palha e juta. Axé, Salgueiro!


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