quarta-feira, 7 de janeiro de 2009

Vila Isabel e os 100 anos do Theatro Municipal





No Carnaval de 2009, a Vila Isabel vai homenagear os 100 anos do Teatro Municipal com o enredo: "Neste palco da folia, é minha Vila que anuncia: Theatro Municipal - A centenária Maravilha".


O enredo contará os 100 anos do grande teatro pela ótica de João do Rio, cronista e escritor, que gostava de perambular pela cidade, conhecendo-a melhor e disfrutando-a.


Para falar da construção do Teatro Municipal, é impossível não falar também das transformações que o Rio de Janeiro estava vivendo naquele tempo, como a construção da Avenida Rio Branco, o “Bota Abaixo”, a Cinelândia, conhecida na época como a Broadway brasileira, a Revolta da Vacina, que mexeu com os ânimos cariocas, e tantos outros eventos. Tudo isso será lembrado no desfile. Será um recorte do Rio. Pois não há como desvencilhar a historia do Teatro com a história da própria cidade.


Além disso, abordará grandes nomes que já passaram pelo Municipal. Lembrará a inspiração francesa de sua arquitetura, o Egito Antigo representado na ópera de Verdi (Aída), o canto de cristal de Bidu Sayão, o balé-afro de Mercedes Batista, a primeira bailarina negra do Municipal, a consagração de Nelson Rodrigues, com a peça “Vestido de Noiva”; sem esquecer do eterno “Orfeu da Conceição”, peça cujo cenário fora feito por Oscar Niemeyer. Tudo isso e muitas outras emoções que o Municipal já vivenciou em seus 100 anos de existência estarão no desfile. Finalizará o enredo lembrando que foi deste teatro que saíram os maiores carnavalescos que já tivemos até hoje, que são os mestres Fernando Pamplona, Arlindo Rodrigues e Joãozinho Trinta. Mestres do teatro que ajudaram a desenvolver os desfiles de carnaval, que como Joãozinho Trinta define, é uma grande ópera popular.



O enredo é bom. Altamente histórico, mas também didático, promete dar um show visual na Avenida. A Vila é uma escola que tem dinheiro em caixa, e já possuía um excelente carnavalesco, que é o Alex de Souza. O enredo fora todo desenvolvido por ele, quando a escola chamou o também excelente Paulo Barros. Na teoria, a Vila é a favorita para ganhar o título. Vide a fórmula: Dinheiro + Bons Carnavalescos + Samba bom (mais uma vez de André Diniz, que já soma a sua 11° vitória na escola) + Comunidade presente (a Vila acabou com as alas comerciais e doará 100% de suas fantasias para a comunidade) = Vitória.



Porém, não é tão simples assim, pois a maior dúvida é saber se o estilo de um carnavalesco vai “casar” com o estilo do outro. Alex de Souza tem um estilo mais luxuoso de fazer carnaval, mas é um luxo “clean”. Suas alegorias e fantasias são muito bonitas e ricas, porém de fácil leitura. Paulo Barros, como todo o mundo sabe, não gosta muito do luxo. Prefere a originalidade. Prefere limpeza nas formas, deixando o desfile mais objetivo e menos subjetivo. E a verdade é que ele está certo, pois muitas vezes a arquibancada assiste a um desfile sem nem sequer saber do que ele se trata, pois não reconhece nele nada ou pouca coisa. Sem falar da sua principal característica: as alegorias humanas. É um sucesso e isso ninguém pode negar. Mas como, agora falando do Teatro Municipal abrir mão do luxo? Onde entrarão as alegorias humanas? Paulo Barros chegou quando as fantasias e os carros já estavam desenhados. E agora? O que podemos esperar dele no próximo carnaval? São perguntas que o mundo do samba está se fazendo nos bastidores...



Na minha opinião, a contratação de Paulo Barros me pareceu “olho grande” da escola, por não querer perder um profissional que é cobiçado por todo mundo. Mas a escola já tinha o seu carnavalesco! Para quê forçar dois carnavalescos com estilos bem diferentes a trabalharem juntos? Não entendo essas coisas, mas só depois do desfile saberemos se a direção da escola acertou ou não nessa contratação.



De qualquer forma, e até pela curiosidade em torno deste desfile, a Vila é forte candidata ao título, sim! E como diz a letra do samba de 2009, “segura a Vila que eu quero ver...”

Sinopse: