segunda-feira, 28 de julho de 2008

Sou tratada como objeto


Se eu te contasse tudo que já passei...

Se eu te falasse tudo que já senti e que já vivi...

Se você soubesse sobre minha vida,

Talvez tivesse pena de mim...


Tudo acontece sobre mim.

Estou sempre por baixo.

Não sirvo para mais nada?!


Na hora do pesadelo,

O coração dispara forte.

E quem está sempre lá?!

Eu!

Só observando e esperando.


Já passei por muita humilhação...

Acredita que até já urinaram em mim?!

Sim, isso mesmo!

Não há mais respeito nesse mundo!


Sem falar na depravação que é a minha vida.

Tenho que te confiar esse segredo:

Todos querem se deitar comigo.

Todos.

Sem exceção.


Não há distinção à cor, à idade e muito menos ao sexo.

E eu também não me preocupo com isso.

Eu aceito todos.

Não tenho preconceitos.


Mas chega de conversa que já é tarde!


Vem dormir comigo!


Eu sou aquela que te espera todas as noites.



Eu sou a cama.

segunda-feira, 21 de julho de 2008

Brasileiros de olhos puxados


Saindo do porto de Kobe

O Maru cruza o mar.

Da terra do sol nascente

À terra do eterno sol.

Terra fértil,

“Em que se plantando tudo dá”.

Terra de felicidade.


Chega ao Porto de Santos.

O porto da esperança.

Que abre as portas

Aos imigrantes japoneses.

Sejam bem-vindos!

O Brasil lhes acolhe de braços abertos.


O que que a japonesa tem?

Tem sushi,

Tem sashimi,

Tem saquê,

Tem anime,

Tem mangá,

E tem origami.


Tem também equilíbrio.

Tem perseverança.

Tem longevidade.


Liberdade.


Passaram-se cem anos.


O japonês se abrasileirou.

Os tambores do Oriente se encontraram com ritmos africanos.

O taikô se uniu ao pandeiro e ao tamborim.

Fizeram juntos um som harmônico e poderoso.

Os pagodes se curvaram diante de batuques tão singelos.

E os japoneses dançaram o Kabuki em novas terras.



Arigatoo, Brasil!

quarta-feira, 16 de julho de 2008

Corram que a polícia vem aí


Não é a comédia do cinema.

É a comédia da vida real.

É a comédia do dia-dia.

Porque é melhor rir que chorar.


Com tantas desgraças causadas por uma polícia ineficiente,

Aprendi a rir do choro

E a chorar sem rir.


O medo está nas ruas.

E o dever do policial deveria ser

Proteger o cidadão de todos os males e perigos.

Mas o que vejo é que ele está desempenhando outro papel.

Se fosse num filme, ganharia prêmios.

Aquele que sempre fez o papel de mocinho,

Agora é bandido.

Ficou mau.

Virou vilão.


Eu já temia os bandidos.

Agora também temo os policiais.

A quem não temerei?


Dizem que o bem sempre vence no final.

E eu acredito.

Eu quero acreditar.

Estou à espera de um final feliz.

Porque já há muitos finais infelizes...


Subornos, roubos, assassinatos.

Silencio.

Impunidade.

Injustiça.


Chega de tanta violência!

Quero paz!

E quero a boa e velha polícia de volta.

Aquela que nos faz ter orgulho.

Aquela que luta contra o mal e que protege o cidadão.

Onde estão os policiais justos e bons?

Não me digam que não há, pois eu não acredito.

Eu sei que eles existem.

Mas onde estarão?

Mostrem seus rostos!

Não tenham vergonha!

Vocês são os velhos mocinhos de sempre

E devem orgulhar-se disso!


Mas eles não respondem ao meu chamado...


Parece que o mal venceu o bem.

Mas nunca é tarde para dar a volta por cima.

O bem ainda pode vencer.


O que fazer até tudo mudar?


Esperar.


Lutar.


Morrer lutando.

sexta-feira, 11 de julho de 2008

Carta de amor


Escrevi uma carta ao meu amor.

Nela, contava tudo o que eu sentia.

Tudo o que eu nunca tive coragem de falar.

Por isso decidi escrever.

Sou tímido.

Um tímido apaixonado.


Coloquei a minha carta na caixa de correios.

Esperei.

Sabia que demoraria uma semana para que ela chegasse ao seu destino.

Sabia também que ela demoraria em ser respondida,

Devido ao seu conteúdo.

Talvez, ela nem seria respondida...

Mas decidi tentar.

Acho que se expressar por palavras é mais fácil para mim.


Aguardei.


Uma bala perdida atinge um trabalhador.

É João da Silva.

O Brasil se comove.

Dizem que morreu dignamente

Porque morreu fazendo o seu trabalho.

É digno morrer assim?

É digno viver num mundo no qual você não sabe

Nem sequer se vai voltar para casa ao sair dela?

Não sei mais o que é digno ou indigno.

Só sei que o coitado do João da Silva foi morto.

Fazendo o seu trabalho.


João era carteiro.

Andarilho do bem.

Andou por lugares que não deveria

Para levar boas novas às pessoas.

Era muito feliz e gostava do que fazia.

João se foi em paz.


Quando atingido, já havia entregado todas as cartas.

Exceto uma.

Acharam junto ao corpo de João uma última carta.

A minha carta.

A carta na qual eu pus todo o meu amor.

A carta que nunca chegou ao seu destino.


A culpa não é do João.

Talvez o culpado seja o destino.

Talvez seja um sinal.

Talvez eu não deva mais insistir nesse amor...


João foi até o fim.

João foi um bravo guerreiro.




Não se culpe, João.

quinta-feira, 3 de julho de 2008

Rio 2016 - Um sonho quase real


O Rio de Janeiro foi anunciado pelo Comitê Olímpico Internacional (COI) como cidade candidata aos Jogos Olímpicos de 2016, junto com Chicago (EUA), Madri (Espanha) e Tóquio (Japão).

O projeto de trazer as Olimpíadas para o Brasil não começou do dia pra noite, como muitos podem pensar, mas é um sonho antigo e que já vem sendo alimentado pelo Comitê Olímpico Brasileiro (COB) há pelo menos 15 anos.

A primeira candidatura que o Brasil apresentou foi para sediar as Olimpíadas de 2000 e para isso apresentou o projeto Brasília 2000, no qual a Capital Federal seria a sede dos jogos. O projeto foi muito criticado na época e recebeu pouco apoio da população. Tanto era ruim, que o COI nem sequer aceitou o pedido de postulação.

Como assim?! Eu explico. Antes de uma cidade ser candidata à sede de uma Olimpíada, ela precisa enviar um projeto ao COI e se este aceitar e aprovar o projeto, a cidade recebe o nome de cidade-postulante ou cidade-aspirante. Nesta fase, as cidades estão autorizadas a lançarem logotipos próprios de cada postulação, mas não podem usar nem fazer alusão em seus logotipos aos aros olímpicos (que é marca registrada do COI). Depois da aceitação como cidade-aspirante, é feito o primeiro corte de cidades para, a partir de então, ficar decidido quais as cidades que serão efetivamente, cidades-candidatas (é a fase que eles chamam de short-list). Entrar no short-list e ser cidade-candidata mostra que seu projeto possui alguma credibilidade para seguir na disputa e que há uma grande possibilidade das cidades que passam a essa etapa sediarem os Jogos Olímpicos.

Voltando ao projeto Brasília-2000, este não foi aceito pelo COI nem como cidade- aspirante, sendo o Brasil obrigado a retirar o seu projeto da disputa. Quer dizer, ele nem entrou na disputa! Quem ganhou foi Sydney (Austrália), que pode gabar-se de haver sediado os melhores Jogos Olímpicos da Historia.

Depois dessa vergonha internacional, o Brasil aprendeu a lição e lançou mão da candidatura do Rio de Janeiro com o projeto Rio 2004. Esse novo projeto era audacioso. Trazer as Olimpíadas para a segunda maior cidade do maior país da América do Sul. A opinião publica se dividiu. Muitos estavam a favor. Muitos outros estavam contra. O Rio é muito violento. A Baia de Guanabara está poluída. Tem criança passando fome nas ruas. Tem assalto. O Rio nunca vai conseguir. Muitas coisas foram ditas, mas a verdade é que o Rio estava ali dando o primeiro passo rumo à conquista final. É claro que o Rio não tinha a menor chance de ganhar aquela disputa. Por vários motivos. Pela força política e econômica das outras cidades-aspirantes (vide Roma e Atenas), pelo projeto não ter sido bom (planejavam pôr a Vila Olímpica ao Lado da Baia de Guanabara, perto das favelas da Linha Vermelha), e também pelo fato do governo não haver dado o apoio necessário para tal disputa. Nesse concurso, o Rio foi aceito como cidade aspirante, mas não chegou a ser cidade-candidata. Atenas ganhou o direito de sediar as Olimpíadas de 2004. Todo o mundo esperou tanto pra ver os Jogos voltarem ao seu lugar de origem e o que vimos foram Jogos modestos, com muitos erros em sua organização e muito aquém do que todos esperavam. Zeus Olímpico não ficou satisfeito com esses Jogos...

A disputa para os Jogos de 2008 passou em branco para o Brasil. Não houve participação nossa. Sabemos que Pequim ganhou e estamos torcendo pelo povo chinês, que sabe organizar grandes espetáculos como ninguém.

Mas, depois do duro golpe do projeto Rio 2004, o COB decidiu acordar e ver o que estava dando errado. E viram que não se conquista uma Olimpíada do dia para noite. Primeiro, é preciso mostrar que somos capazes de sediar eventos esportivos, ou seja, primeiro se mostra a capacidade e depois se pede a oportunidade. E foi então que criaram o vitorioso projeto de trazer os Jogos Pan-americanos ao Rio de Janeiro em 2007, no qual a nossa cidade venceu a disputa com a cidade de San Antonio, nos EUA. Especulou-se muito antes do Pan, mas a verdade é que foi um sucesso e o mundo reconhece isso, tanto que por causa da bem sucedida organização dos Jogos Pan-americanos, o Rio de Janeiro passa ao status de cidade-candidata pela primeira vez.

Ok, mas quais as chances que temos diante de países como: EUA, Espanha e Japão?!

Muitas. Muitas chances.

Eis os motivos:

- O COI já demonstrou publicamente que deseja que os Jogos Olímpicos venham a América do Sul e hoje em dia, o Rio de Janeiro é a cidade mais bem preparada para receber um evento deste porte.

- Tóquio tem muito dinheiro e promete jogos compactos, porém tem dificuldades na diplomacia e esta faz a diferença numa disputa como essa. Sem falar que como os Jogos de 2008 serão na vizinha China, o COI provavelmente não vai querer pôr os Jogos na Ásia novamente após oito anos.

- Madri possui o melhor projeto e a Espanha possui um excelente histórico (vide os Jogos Olímpicos de Barcelona em 1992), porém não deve ganhar, pois quatro anos antes os Jogos serão sediados pela Inglaterra (não vão pôr duas Olimpíadas seguidas na Europa).

- Chicago tem projeto audacioso que inclui estádio desmontável e tudo, mas na verdade não possui muitas instalações esportivas. É a grande favorita porque está na América e porque está nos EUA (e não é preciso falar mais nada a respeito).

Mas o Rio de Janeiro pode ganhar de Chicago, pois os Governos daqui se uniram e os de lá, não estão dando a mínima para o projeto, além de que o Rio hoje possui 56% das instalações esportivas prontas e mais 20% das obras de infra-estruturas irão sair do papel com ou sem Olimpíadas. Sem falar no Pan de 2007, no qual fizemos o dever de casa.


Então, eu aposto sim todas as fichas no Rio! Se o COI quebrou um tabu levando as Olimpíadas de 2008 à capital de um país socialista que viola os direitos humanos, por que não traria os Jogos Olímpicos para o Rio de Janeiro?!

Só por que temos favelas?!