Mas eis que surge um novo cd, uma nova Madonna, uma nova turnê. Depois do perfeito cd (não canso de dizer isso) todo feito em batida eletrônica, surge uma Madonna oportunista (no melhor uso da palavra), fazendo uso do hip-hop. Antes que me acusem de algo, explicarei melhor o uso da palavra “oportunista”.
Digo que Madonna foi oportunista ao lançar esse último álbum (Hard Candy), pois entendo que oportunista é aquele que sabe aproveitar uma boa oportunidade e tirar proveito dela. Ela parou e observou que os rappers nunca estiveram tão na moda. Vide Jay-Z , Já Rule, Pharrel, Will I am, 50 Cent, Justin, Timbaland, Kayne West e tantos outros. Esses caras lançam uma música atrás da outra e são febre em quase todo o mundo. Madonna, muito esperta, não queria ficar para trás. Sabia que num novo álbum, se não os usasse, teria que disputar com eles o espaço musical (guardadas as devidas proporções). Então, decidiu que iria trabalhar com eles. Oportunista mais uma vez, chamo eu. E acertou em cheio. Mas não é ineditismo!
Por isso, neste novo cd, ela chega com uma nova batida, mas o cd não chega nem aos pés do anterior. Mas é interessante ver essa mistura. A rainha do pop lança um cd com uma levada hip-hop, mas que no fim acaba sendo um “hip-hop-pop” e nada além disso.
Mas falando da turnê do cd novo, esta chega ao Brasil, o último país pelo qual a turnê passará. Dois shows no Rio e três em Sampa. Tá de bom tamanho. Na verdade, ela até agendou shows demais. Cogitava-se uma única apresentação. Mas a “Time for fun” (empresa que a trouxe) pagou uma fortuna por essa brincadeira toda...
Eu relutei muito. Não queria ir ao show de jeito nenhum. Pagar um dinheirão para ver um artista... Não. Era demais para mim. Não podia aceitar isso! Mas quando chegou no dia do primeiro show, me bateu um sentimento ruim no peito. E odeio esse sentimento. Explico, mas vê se você me entende ou se já aconteceu com você algo parecido... Sabe quando tem uma festinha de um vizinho seu e todos os seus amigos são convidados, menos você? Por mais que você anuncie pelos quatro cantos que você não faz questão de ir à festa alguma, não te dá uma sensação chata, ruim, sensação de excluído?! Em mim, dá! Que raiva que eu fico quando isso acontece! Pois então, aconteceu a mesma coisa comigo em relação ao show da Rainha do Pop. Eu não fazia questão, mas todo mundo estava indo (todo mundo mesmo, até meu professor de Literatura Portuguesa!). Não podia aceitar essa exclusão. Comprei o ingresso para o segundo dia, faltando vinte minutos para o show começar. Com um cambista, é claro. Não me julgue! Continuando... Por um erro do dito cujo, meu ingresso saiu por 35 reais (sim, isso mesmo! Nem eu acreditei!).
Entrei no Maraca. O palco era gigante. O show começou uma hora e quarenta depois. Curti o show como nunca e descobri que eu sabia cantar a maioria das músicas. O show terminou. Foram as duas horas mais rápidas de toda a minha vida. O show fora perfeito. O melhor show da minha vida. Tá, na verdade, nunca tinha ido a outro show, mas Madonna é Madonna e é para sempre...
Sai do Maraca satisfeito com o que eu tinha visto. Ela é danada mesmo. Faz jus ao nome da turnê. Madonna é doce e pegajosa. Gruda no ouvido e não sai mais. Você diz que não gosta, mas quando vê tá cantando uma de suas músicas-chiclete. É horrível ter que admitir isso, mas ela não ostenta o título de “Rainha” à toa. Ela é soberana no palco. Uma senhora cantora, no auge dos seus cinqüenta anos...
“Seu Ladir” diria que Madonna é “mara”. Eu prefiro pegar carona numa charge do Aroeira, e afirmar que mais pop que a Madonna no Brasil, atualmente, só o Lula mesmo...