domingo, 16 de novembro de 2008

O Clube Literário da Mocidade




A Mocidade, em 2009, vai prestar uma homenagem à literatura brasileira, falando de dois ícones da nossa literatura: Machado de Assis e Guimarães Rosa; com o enredo: “A Mocidade apresenta: Clube Literário - Machado de Assis e Guimarães Rosa... Estrelas em poesia!”.

A escolha do enredo já foi polêmica desde o começo, quando a escola anunciou que faria um enredo homenageando Machado de Assis (pegando carona nos 100 anos de sua morte), porém apresentou à imprensa uma sinopse que continha o nome de Guimarães Rosa, José Sarney, entre outros, que ninguém entendeu o que eles faziam ali, se o enredo era sobre o “bruxo do Cosme Velho”. Sem falar nas duras críticas ao texto da sinopse, que continha inúmeros erros de português, erros estes gravíssimos, ainda mais num enredo que aborda a literatura. Os jornalistas reclamaram com a escola e eles reconheceram que tinham feito uma sinopse às pressas e resolveram refazê-la e com isso, mudaram o enfoque do enredo, e agora sim, este abordará os dois escritores (a morte de Machado e o nascimento de Rosa).


Este enredo teria tudo para me conquistar e me deixar extasiado, pois como estudo Letras, um enredo sobre literatura brasileira seria um colírio para os meus olhos, mas não posso deixar de negar minha insatisfação com esse tema. Quando li a sinopse, me cansei de forma única - e olha que eu li a sinopse de todas as escolas do Grupo Especial! É uma sinopse muito extensa, com dados biográficos que em nada servem para sintetizar o enredo. Parece que fizeram de propósito. Por causa das críticas à primeira sinopse mal-feita, quiseram agora demonstrar total conhecimento do assunto e fizeram um longo texto, que é, no mínimo, tedioso.


Quando pensei num enredo sobre literatura, pensei num “estilo Paulo Barros”, ou seja, um autor e suas principais obras e estas transformadas em fantasias e em carros alegóricos. O público reconheceria visualmente as obras de um determinado autor. Seria muito interessante e daria certo, pois Paulo Barros conseguiu concretizar um enredo sobre música, em 2006, desta forma. Mas a Mocidade preferiu uma abordagem fantasiosa, mítica e vai abordar “o nascimento da estrela mística literária” (que é a fundação do tal clube literário que a escola propõe), Machado, suas obras e seu apreço pela música; Guimarães Rosa, suas obras (com ênfase em Grande Sertão: Veredas) e terminará o desfile como o último ato de uma ópera, no qual “os corpos iluminados” (leia-se: Machado e Rosa) voltam à vida para se encontrarem com “os academicistas do samba” (leia-se: a Velha Guarda da Mocidade).


Ok, eu entendo que às vezes o uso da criatividade tem que ser valorizado, mas para que viajar tanto?! Não seria mais simples abordar somente as obras dos autores?! Para que dar um “quê” de misticismo a um enredo que fala de literatura?! Juro que não entendo. E se eu não entendi lendo a sinopse; será que eu vou entender na Sapucaí, no calor da bateria?! O público e os jurados poderão ficar confusos e isso poderá prejudicar a escola. O que é uma pena, pois a Mocidade é uma escola que outrora lutava pelos primeiros lugares, e que hoje em dia, luta para continuar no Grupo Especial. E tudo isso é reflexo de uma administração confusa, visto que nos últimos 4 carnavais, passaram pela escola 4 carnavalescos diferentes, 3 mestres de bateria diferentes, 3 intérpretes diferentes, sem falar no troca-troca de coreógrafos de comissão de frente (ainda bem que agora, a escola contratou Fábio de Mello, que é o melhor coreógrafo de comissão de frente da atualidade) e de mestres-sala e portas-bandeira. Sem falar na falta de dinheiro que assola a escola, pois na década de 90, quando a Mocidade era comandada por Renato Lage e conhecida como a escola “hi-tech”; o dinheiro existia em grande quantidade, que vinha do patrono da escola, o bicheiro Castor de Andrade. Não há mais o dinheiro, mas a comunidade está viva e ela pode ser a salvação da escola. Por que não apostar na comunidade, como faz a vitoriosa Beija-Flor?!


Mas, de qualquer forma, com comunidade ou sem ela, um bom enredo ajuda, e neste caso, temo pela Mocidade e por Machado e Rosa...


Será que eles aprovarão esta homenagem?!


Sinopse:

Um comentário:

Lidiane Lima disse...

A arte em primeiro lugar.
O texto deve ser entusiasmaste, talvez simples e objetivo.